Maus tempos para a economia global. Desde abril do ano passado, em cada revisão realizada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre as estimativas de crescimento das economias, o organismo se vê obrigado a rebaixá-la. Quatro vezes ao ano, ele precisa dar má notícias. E desta vez não foi diferente. As informações são do El País.
O panorama revelado pelas previsões globais, publicadas nesta terça-feira, é ainda um pouquinho mais sombrio que o conhecido até agora: mais tarifas por conta da guerra comercial entre Estados Unidos e China , mais incertezas, e mais tensões geopolíticas. Tudo isso se traduz em um crescimento inferior. O mundo vai crescer 3,2% neste ano e 3,5% no próximo, um décimo menos tanto em 2019 como 2020.
No Brasil, a revisão é ainda maior. O FMI cortou a projeção de crescimento do Brasil para este ano de 2,1% para 0,8% e diminuiu também a estimativa de 2020, que passou de 2,5% para 2,4%. Em relatório divulgado nesta terça-feira, o organismo afirmou que expectativa se enfraqueceu consideravelmente já que persistem as incertezas sobre a aprovação da reforma da Previdência e de reformas estruturais.
As novas projeções se alinham mais ao consenso do mercado financeiro, que aposta em um avanço de 0,82% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019 e de 2,1% no próximo ano, segundo o boletim Focus desta semana, divulgado pelo Banco Central, que leva em conta um levantamento feito com mais de 100 instituições financeiras. Uma cifra de 0,81% já havia sido apontada pelo Governo de Jair Bolsonaro, que admitiu que a expansão da economia brasileira não alcançaria nem um ponto este ano.
Puxada pelo Brasil, a projeção para a América Latina também caiu drasticamente. A região deve crescer 0,6% neste ano (0,8 ponto percentual abaixo do estimado em abril). Para 2020, a previsão é de avanço de 2,3%.
O crescimento da atividade da região é considerado fraco inclusive se compararmos com os dados dos anos anteriores, em que a maioria dos organismos internacionales e analistas coincidiam em ressaltar como decepcionante -1.2% e 1% em 2017 e 2018 respectivamente. O avanço de 0,6% fica bem atrás em relação ao resto dos blocos dos países em desenvolvimento, que este ano irá crescer em média 4,1%, liderados, como vem acontecendo constantemente, pela Ásia.
A “considerável revisão para baixo” em 2019 da América Latina também é um reflexo da economia mexicana. De acordo com organismo comandado por Christine Lagarde – que deixará o cargo em outubro –, os investimentos no México continuam fracos e o consumo das famílias desacelerou, refletindo a incerteza política, o enfraquecimento da confiança e o aumento dos custos dos empréstimos no país. O Fundo estima que a economia mexicana irá crescer este ano 0,9%, sete décimos menos que o projetado anteriormente, e em 2020 avançará 1,9%. Em amobos casos, a expansão está aquém da promessa do presidente Andrés Manuel López Obrador, que prometeu um crescimento de 4% nos seis anos do seu mandato.
Segundo o FMI, a atividade econômica desacelerou no início do ano em várias economias latino-americanas. Na Argentina, a terceira maior da região, a atividade se contraiu no primeiro trimestre do ano, embora a um ritmo mais lento do que em 2018. A previsão de crescimento para 2019 no país vizinho – que foi resgatado pelo próprio Fundo há um ano e onde a inflação permanece muito alta – também foi revisada para baixo. Para 2020, os economistas do Fundo apostam que a economia argentina “irá se recuperar”- registrando taxas positivas -ainda que de forma “modesta”.
As previsões para o Chile, a economia mais sólida da América Latina, também não são positivas, já que o Fundo também revisou o seu crescimento para baixo. A mudança representa outro entrave para o presidente chileno, Sebastian Piñera, que escolheu a revitalização econômica como o ponto central de sua campanha, mas tem visto sua popularidade cair ao não alcançar o objetivo nos primeiros meses do seu segundo mandato.
As piores notícias, no entanto, são reservadas para a Venezuela, presidida por Nicolas Maduro. Segundo o FMI, a profunda crise humanitária e a implosão econômica na Venezuela continuam a ter um impacto devastador, e a estimativa é que a economia, que fechou o ano de 2018 com uma queda de 25% do PIB, irá encolher cerca de 35% em 2019.
2 comentários
O congresso precisa aprovar as reformas, sem isso não romperemos o circulo vicioso de baixo crescimento destes ultimos 30 anos!
Infelizmente estamos vivendo tempos conturbados, crise econômica, crises politicas, não esta fácil para ninguém. Porem eu talvez por ter uma visão um pouco romântica das coisas; acredito que tudo deve melhorar. Conforme o povo for percebendo que deve fazer a sua parte a cultura vai mudar e alavancar a economia.