do G1
O empresário Jorge Atherino foi solto nesta quarta-feira (16) depois de colocar a tornozeleira eletrônica na Justiça Federal em Curitiba. Ele é apontado pelo Ministério Público Federal (MPF) como operador financeiro do ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB).
Atherino estava preso na Superintendência da Polícia Federal, na capital paranaense, desde 11 de setembro de 2018, quando foi deflagrada a 53ª fase da Lava Jato. O empresário responde por lavagem de dinheiro e corrupção passiva em uma ação penal que tramita na Justiça Federal.
No último sábado (12), ele foi beneficiado por um habeas corpus concedido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Dias Toffoli.
Para garantir o pagamento da fiança de R$ 8 milhões, estabelecida pelo juiz federal Paulo Sergio Ribeiro, da 23ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, Atherino usou três imóveis, avaliados em aproximadamente R$ 12 milhões.
Segundo a decisão de Ribeiro, a fiança foi estabelecida considerando o valor do crime objeto da denúncia, de R$ 4 milhões, e a movimentação financeira apurada, superior a R$ 500 milhões.
Além do monitoramento eletrônico, Atherino também deve cumprir outras medidas, como não manter contato com os demais denunciados e investigados, exceto parentes; permanecer afastado das atividades de gestão das empresas investigadas e proibição de sair de Curitiba.
A 53ª fase da Operação Lava Jato apura a suspeita de irregularidades no contrato da empreiteira Odebrecht para duplicação da PR-323, que liga Maringá, no norte do Paraná, a Francisco Alves, no noroeste do estado.
A defesa Jorge Atherino disse que vai se manifestar no processo e que acredita nas instituições.
A defesa de Beto Richa infomou, anteriormente, que Jorge Atherino não tem e nunca teve qualquer relação comercial com o Estado do Paraná, nem com o ex-governador.
Investigação
Conforme a denúncia do MPF, o Grupo Odebrecht fez, no primeiro semestre de 2014, um acordo ilícito com Deonilson Roldo, ex-chefe de gabinete de Beto Richa, para que a concorrência da licitação para duplicação da PR-323 fosse limitada.
Em contrapartida, a empreiteira pagaria R$ 4 milhões a Deonilson Roldo e ao seu grupo, ainda segundo a denúncia.
Deonilson Roldo também foi preso na 53ª fase da Lava Jato e segue detido, desde então. Ele é réu, respondendo pelos crimes de fraude a licitação, lavagem de dinheiro e corrupção passiva.
Os procuradores do MPF afirmaram que lançamentos registrados no sistema de contabilidade informal da Odebrecht mostram o pagamento de pelo menos R$ 3,5 milhões em espécie.
À época da deflagração da 53ª fase da operação, que foi batizada de “Piloto”, o procurador da República Diogo Castor Mattos disse que, mesmo após se tornarem réus, Deonilson Roldo e Jorge Atherino continuavam atuando em atividades suspeitas.
O nome “Piloto” foi dado, de acordo com a força-tarefa da Lava Jato, em referência ao codinome de Beto Richa na planilha da Odebrecht. Na ocasião, o apartamento do ex-governador do Paraná foi alvo de mandados de busca e apreensão.
Além disso, foram autorizadas buscas no Palácio Iguaçu, sede do Governo do Paraná, para obter cópia de registros de entrada no edifício e nos gabinetes de investigados, como Deonilson Roldo e Beto Richa.