O Ministério Público Federal denunciou, nesta terça-feira (10), Wesley e Joesley Batista, controladores do grupo J&F, por uso indevido de informações privilegiadas para obter lucro no mercado financeiro. No caso da operação de compra e venda de dólares, apenas Wesley foi responsabilizado e pode ser condenado a uma pena de 3 a 18 anos.
“Claro que há uma possibilidade de conluio entre os irmãos, mas não foram encontradas evidências contra Joesley”, afirma a procuradora da República Thaméa Danelon. A operação ocorreu entre os dias 28 de abril e 17 de maio, data do vazamento da delação. Só neste dia, o grupo faturou US$ 751,5 milhões.
A CVM apurou que o grupo deixou de ter um prejuízo de R$ 100 milhões com a compra de dólares, e de R$ 138 milhões com a compra e venda de ações.
A valorização de dólar no dia do vazamento da delação foi a maior desde 1999, apontou a investigação.
Joesley não será responsabilizado pela operação de câmbio, mas, assim como Wesley, foi denunciado por manipulação de mercado, e poderá pegar pena de 2 a 13 anos de prisão.
A investigação ouviu funcionários da JBS que receberam as ordens de compra e venda de ações e confirmaram o caráter atípico das transações.
Além das penas, há a possibilidade de uma multa de até três vezes o ganho financeiro com as operações irregulares.
“Uma vez feita a denúncia, o processo deve andar de forma célere, pelos réus já estarem presos”, afirma o procurador-chefe Thiago Lacerda Nobre.
A CVM, que colaborou com informações para a denúncia, mas conduz investigação paralela, está finalizando um relatório, que poderá levar a outras punições, diz Danelon.
“São esferas independentes, mas as apurações e os dados são compartilhados.”
Procurada pela reportagem, a JBS ainda não se manifestou.