Perdemos, hoje, um dos principais nomes do urbanismo paranaense – e um dos responsáveis pelo atual modelo de transporte público de Curitiba. Lubomir Ficinski faleceu na madrugada desta quinta-feira (29), aos 87 anos. Informa a família que Lubo tratava um câncer no pulmão e foi vítima de uma parada cardíaca. O velório acontece no cemitério Parque Iguaçu, desde as 17h, e o sepultamento está previsto para as 15h de amanhã (30).
Um comentário
ADEUS, LUBOMIR, NOSSO POETA DO PLANEJAMENTO URBANO
Curitiba perdeu um de seus ícones. Jornalista que sou há 49 anos, sempre ligado às causas urbanas, particularmente ao transporte, tive a honra de trabalhar ao lado de Lubomir de 1976 a 1986 (período em que outros o sucederam no comando), quando presidente do IPPUC. Foi com Lubomir que tivemos o privilégio de convier, num passado nem tão recente, com nomes, também ícones, como Maria Francisca Rschbieter, Dúlcia Auríquio, Alberto Maia da Rocha Paranhos, Rafael Dely, Oswaldo Navarro – todos “encastelados” naquele casarão de o que Luiz Geraldo Mazza chama de “Sorbonne do Juvevê”, na Rua Bom Jesus – imóvel que, originalmente, foi construído e ocupado por um representante consular holandês em Curitiba, há décadas.
Foi com prefeitos como Ivo Arzua, Omar Sabbag, Jaime |lerner e afins, e, claro, guiado pelas mãos de Lubomir, ainda como jornalista então lotado no saudoso jornal “O Estado do Paraná”,. que, ainda no findar dos anos 1960 e raiar do seguinte, que acompanhei o amplo projeto e depois programa implantado do pioneiro e revolucionário Sistema de Ônibus Expresso – que começou a rodar a partir de 1974. E quantos outros projetos do IPPUC foram acompanhados, enquanto assessor de imprensa do IPPUC, no decênio 76/86?
Lubomir foi não só um engenheiro e arquiteto mergulhado em frios números. Foi, também, ambientalista, romântico observador de uma Curitiba que precisava respirar o verde dos parques que começavam a aflorar, graças à mão de quem anteviu um centro urbano que, nas décadas seguintes, serviria como cadinho e inspiração de tantos outros profissionais voltados à causa urbana. Meu último contato com Lubomir foi em novembro do ano passado, na URBS, onde, anos antes, por um período foi Diretor de Transportes, mostrando à cidade sua vasta experiência nesse campo. Lubomir foi, obviamente, também uma das estrelas citadas no livro “História do Sistema de Transporte Coletivo de Curitiba”, que narra cronologicamente a evoluçaõ do sistema iniciado pelos bondes puxados por mulas, em 1887, e que termina com a chegada dos pioneiros Ligeirões. O livro, uma publicação conjunta da Prefeitura de Curitiba e da Travessa dos Editores, é a memória viva de um longo período de vivência urbana. Obrigado, Lubomir, pelos ensinamentos e pela forma nobre com que você soube olhar Curitiba com ares de poeta! Fica nossa lembrança.