O Globo
SÃO PAULO — O número do telefone celular de Cristiano Zanin, advogado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi entregue, na quarta-feira, à Polícia Ambiental de São Paulo como sendo um contato do proprietário ou responsável pelo sítio Santa Bárbara, em Atibaia, visitado 111 vezes pelo líder petista. O número foi informado pelo caseiro Elcio Pereira Vieira, conhecido como Maradona, durante uma fiscalização, quando os policiais pediram o telefone dos donos, já que nenhum deles estava presente.
A vistoria aconteceu na tarde de quarta-feira. O GLOBO chegou à propriedade, no interior paulista, quando a equipe de fiscalização finalizava seu trabalho. Acompanhados de Maradona, policiais militares inspecionaram a área em que foi construído um anexo com quatro suítes no final de 2010 e o lago, que passou por reforma nos anos seguintes. A Operação Lava-Jato e o Ministério Público de São Paulo investigam se as obras executadas no sítio foram feitas por empreiteiras envolvidas no escândalo da Petrobras como um agrado a Lula.
Ao GLOBO, o advogado disse, na quarta-feira, que não entende a razão pela qual seu número de celular foi fornecido à equipe de fiscalização pelo caseiro Maradona.
— Deve ter havido algum equívoco. Não sou responsável pelo sítio nem advogo mais para os proprietários. Meu escritório prestou consultoria na época da compra e venda. Pode ser que eles tivessem lá na portaria o número do telefone — afirmou Zanin.
Informado que não havia sido entregue o telefone de seu escritório, mas sim o de seu celular, ele respondeu:
— Eu não tenho como explicar isso.
Zanin é o advogado que tem defendido o ex-presidente nos casos do tríplex no Guarujá, no litoral paulista, e do sítio em Atibaia, registrado em nome dos empresários Fernando Bittar e Jonas Suassuna. Zanin é genro e sócio de Roberto Teixeira, também advogado e amigo de Lula desde os anos 1980. O escritório de Zanin e Teixeira prestou serviços aos proprietários na época da compra do imóvel.
Até semana passada, quando Bittar contratou o criminalista Alberto Toron, era Teixeira quem prestava esclarecimentos à imprensa sobre o sítio. Foi no escritório dele que o contrato de venda do imóvel foi assinado em 2010.
Nenhuma atuação foi registrada pela Polícia Ambiental na quarta porque, segundo a Secretaria de Segurança Pública, é preciso, antes, localizar os donos. O pelotão de Atibaia que fez a fiscalização informou que foi ao local “para verificar uma suspeita de desmatamento indicada pelo monitoramento de imagens aéreas realizado rotineiramente”.
O GLOBO apurou que uma das irregularidades encontradas na quarta foi a construção do anexo à casa principal em cima de um córrego que passa pelo sítio, o que é proibido. A legislação ambiental exige que áreas de curso d’água não tenham construção numa faixa de 30 metros da margem.
A Polícia Ambiental vai requerer do proprietário a documentação referente a licenças ambientais. No início deste mês, o GLOBO divulgou que nenhum dos órgãos do governo de São Paulo (Cetesb e Daee) deu autorização ao sítio Santa Bárbara para que fossem feitas intervenções em área de preservação ambiental.
6 comentários
Um sítio de 170 mil metros quadrados aqui na região próxima à Curtiba vale mais de 10 milhões de reais.Quanto será que vale esse de Atibaia?
E agora Lula? Os homens querem as licenças? É o cerco se fechando!
O ratão vai cair. Já não tem mais como mentir. Safado.
Quanto mais mexe mais fede… Essa gente não sabe fazer nada dentro da lei? Acham que por ter muito Pixuleco vale tudo?!
Se esse caseiro não tomar o devido cuidado vai parar no cemitério.
A esta hora já está demitido o pobre mortal a exemplo do caseiro Francenildo Santos Costa, vítima de Antonio Palocci.