“O produtor rural paranaense é um verdadeiro empreendedor e um herói. Planta e colhe sem garantia de comercialização e gasta até 36% com o transporte de grãos. Para transportar a produção da região Oeste do Paraná ao Porto de Paranaguá, o produtor e as cooperativas gastam 8% do valor de produção do milho e 3% no caso da soja.”
“As empresas concessionárias de rodovias no Paraná estão alegando que o Estado teve ganhos com a melhoria das BRs pedagiadas. É verdade que as melhorias existiram, mas quem arcou com os custos das mesmas foi a sociedade. Também é verdade que as concessionárias tiveram lucros exorbitantes sobre a arrecadação, cujos índices são os maiores do Brasil. Enquanto hoje, em outras regiões do País se pratica taxa interna de retorno entre 6% e 8%, nas concessionárias paranaenses o retorno está entre 16% e 20%.”
Leia o artigo completo de Dilvo Grolli no Leia Mais.
Pedágio e o futuro do Paraná
Artigo de Dilvo Grolli, presidente da Coopavel
Em economia, temos que analisar os resultados não somente como fato isolado, mas a partir de outros resultados de um mesmo setor. O melhor processo de avaliação de resultado é expresso pelo significado de benchmarking, que é um processo de comparação de produtos, serviços e práticas empresariais. É realizado por meio de pesquisas para comparar as ações de cada empresa.
O bechmarking tem por objetivo melhorar funções e processos de uma determinada empresa, além de ser um importante aliado para vencer a concorrência, uma vez que o mesmo permite analisar as estratégias e possibilita à empresa criar e ter ideias novas diante do que já é realizado.
O produtor rural paranaense é um verdadeiro empreendedor e um herói. Planta e colhe sem garantia de comercialização e gasta até 36% com o transporte de grãos. Para transportar a produção da região Oeste do Paraná ao Porto de Paranaguá, o produtor e as cooperativas gastam 8% do valor de produção do milho e 3% no caso da soja.
O resultado das exportações do Paraná tem sido fruto, primeiramente, do trabalho do produtor rural, seguido da pesquisa, da aplicação de novas tecnologias, da industrialização dos produtos e da capacidade empreendedora do homem do campo.
As empresas concessionárias de rodovias no Paraná estão alegando que o Estado teve ganhos com a melhoria das BRs pedagiadas. É verdade que as melhorias existiram, mas quem arcou com os custos das mesmas foi a sociedade. Também é verdade que as concessionárias tiveram lucros exorbitantes sobre a arrecadação, cujos índices são os maiores do Brasil. Enquanto hoje, em outras regiões do País se pratica taxa interna de retorno entre 6% e 8%, nas concessionárias paranaenses o retorno está entre 16% e 20%.
O crescimento do agronegócio no Paraná tem origem na produtividade, graças à qualidade das terras, do clima favorável, da disponibilidade de mão de obra, do empreendedorismo do produtor rural e do trabalho da pesquisa. Os prestadores de serviços na logística tiveram oportunidade de aumentar as receitas devido à escala de produção.
Exemplo de empreendedorismo é a cadeia da avicultura, hoje líder na produção de carne de frango no Brasil. Para chegar a essa posição foram investidos R$ 12 bilhões nos últimos 20 anos, o que, do ponto de vista social, permitiu a geração de mais de um milhão de empregos. Esse sim é um resultado econômico e social significativo para o Estado do Paraná.
O mundo evolui e o Paraná também, e tudo o que era bom no século 20 hoje pertence ao passado. A evolução foi enorme em todos os sentidos, mas a origem do crescimento está no campo. As exportações paranaenses chegaram a US$ 16 bilhões em 2014, lideradas pelo agronegócio. Já os custos de produção das commodities cresceram impulsionados pelos insumos e pelo valor exagerado do pedágio. Enquanto no Estado de São Paulo o pedágio custa R$ 4,58 em um trecho de 100 quilômetros, no mesmo trecho no Mato Grosso do Sul é de R$ 4,38 e no Mato Grosso, de R$ 2,63. Em outros estados é apenas de R$ 3,22, enquanto que no Paraná o valor chega a R$ 11,06.
Do Oeste do Paraná até o Porto de Paranaguá são 750 quilômetros e o valor do pedágio está em R$ 750. As concessionárias que exploram o trecho desde 1998, mesmo com a TIR (Taxa Interna de Retorno) entre 16% e 18%, duplicaram, até hoje, apenas 60 quilômetros de rodovia no Oeste do Paraná.
Há 17 anos cobram um pedágio, cujos valores precisam ser apurados a partir de uma auditoria competente, com a participação da Promotoria Pública e de outros órgãos competentes, para explicar para onde foi o dinheiro arrecadado pelas concessionárias Ecocataratas, Caminhos do Paraná, RodoNorte, Ecovia, Viapar e Caminhos do Mar, desde 1998, que somente em 2014 teve arrecadação de R$ 1,84 bilhão.
Precisamos ainda apurar o quanto foi arrecadado nos 17 anos de cobrança do pedágio e comparar com reais investimentos. As empresas concessionárias do pedágio no Paraná precisam explicar à sociedade quanto foi a arrecadação até hoje e para onde o dinheiro foi canalizado. O alto custo do pedágio comprometeu a competitividade das commodities paranaenses e, por isso, a sociedade precisa reagir com veemência contra os valores do mesmo e sobre a realidade da arrecadação. Para onde foram os valores arrecadados nesses 17 anos de cobrança?
Ecocataratas, Caminhos do Paraná, RodoNorte, Ecovia, Viapar e Caminhos do Mar, que administram as rodovias paranaenses, têm obrigação e responsabilidade mostrar à sociedade os custos das obras (até onde sei, sem o aceite por parte do DER de várias obras desde o início da concessão), na presença de profissionais representantes da sociedade, da Justiça, do Ministério Público e principalmente daqueles que pagaram o valor do pedágio mais caro do Brasil e não em reuniões de pequenos comitês.
A prorrogação dos prazos de concessão é uma afronta à sociedade do Oeste do Paraná e o melhor para o momento é esclarecer o quanto foi arrecadado e como foram aplicados esses valores e quem foram os beneficiados. Os contratos do pedágio interessam a toda a sociedade paranaense e não apenas a um pequeno grupo de pessoas que se reúne com interesses políticos e econômicos. O agronegócio precisa participar e o produtor rural e as cooperativas estão participando por meio da Ocepar – Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná -, que elaborou um trabalho de esclarecimento público sobre as tarifas de pedágio no Paraná.
O melhor ideal da prestação de serviços é aquele que atende a sociedade com um preço justo e economicamente viável e em que a eficiência seja analisada e comparada. A desolação da sociedade brasileira com a política e com muitos políticos é evidente, muito por falta de transparência e pelo descrédito nos dados divulgados pelas empresas que administram o bem público. Chegou a hora de decidirmos o que queremos e quem queremos para administrar as nossas rodovias.
A atitude de hoje talvez seja a aurora de um novo momento que vai raiar a partir da consciência de todos os paranaenses e não da postura inerte daqueles que apenas endossam as atitudes escusas de alguns empresários A história da logística paranaense precisa estar dentro da realidade brasileira, visível e transparente. Precisamos estar seguros do nosso destino, sobretudo, o econômico. Mais que antes, podemos tanto nos perder quanto desabrochar para uma luz para o nosso destino econômico.
Agora, podemos decidir de fato para onde queremos caminhar. No passado, quando o Paraná celebrou os contratos de pedágio, não tínhamos parâmetros comparativos para a elaboração de um documento condizente com o tamanho da responsabilidade das concessões rodoviárias. Pagamos o preço por ser um dos primeiros estados a realizar esse modelo, porém hoje já temos a quarta geração de contratos de concessão. Isso significa que não podemos nos ater a um contrato que mostrou sua fragilidade durante 17 anos de vigência. Agora temos parâmetros como modelo de concorrência por redução de tarifa ou por obras agregadas a uma tarifa pré-estabelecida pelo Estado.
E quanto ao direito da livre concorrência, pelo qual a sociedade tem a premissa do benefício de uma nova licitação e de redução de tarifa? Impossível uma concessionária, sem concorrência nenhuma, trazer à mesa uma proposta que não seja a ela interessante. É preciso olhar para frente e projetar o futuro, além de 2021, para as empresas e a comunidade, tanto pessoal quanto comunitária. É da relação indivíduo e sociedade que nasce a democracia, assim como do diálogo com todos os paranaenses e não somente com alguns poucos. A cidadania brota da conscientização e da liberdade das pessoas e da sociedade, que podem se organizar da melhor forma possível para criar condições sempre melhores para as suas vidas.
Dilvo Grolli é presidente da Coopavel e vice-presidente de agronegócio da Acic – Associação Comercial e Industrial de Cascavel.
7 comentários
ESTES SIM SÃO OS VERDADEIROS TRABALHADORES, FABIO O
NOSSO AGRICULTOR ESTÁ FICANDO DESMOTIVADO COM O GOVERNO.
O AGRONEGÓCIO É O QUE ALAVANCA O PROGRESSO DO PAÍS,
E O RECONHECIMENTO É ZERO. O HERÓI DA LAVOURA NUNCA TEM
MORAL COM CERTOS MANDATÁRIOS, SE FOSSEM OS SEM TERRAS
TRATOR. RESFRIADOR SEMENTES E TERRA DE GRAÇA, MAS O LAVRADOR
QUE LUTA, É ASSALTADO NOS PEDÁGIOS E PREÇOS DOS PRODUTOS.
-Faço minha as suas palavras, sem retirar ou acrescentar nada!
-Parabéns pela clareza e elucidação do texto Sr.Dilvo Grolli.
-O Brasil e o Paraná não estão em pior estado na balança comercial, porque o agronegócio tem segurado o déficit comercial!!!!
-Outra questão: qual será o papel do Ministério Público(leia-se promotores, juízes e desembargadores) para julgar a questão do pedágio no Paraná???
Assalto a mão armada,os pedagios daqui do Norte do Paraná não são investidos nem 20% do que se arrecada,depois de 17 anos ainda temos estradas pedagiadas sem acostamento.É mole ou querem mais.
O Dilvo fundamentou com inteligência a atual situação de espoliação de nossa região por uma ação política irresponsável e inconsequente. Não fosse a demanda mundial que tem mantido os preços de comodities relativamente altos, o caus, por certo, já estaria estabelecido. O pedágio, por sí só, não é ruim… Mas é péssimo para os oestinos terem sido tapeados por uma promessa que a tarifa se aproximaria do valor praticado internacionalmente em torno de 1 dólar e estar pagando de 3 a 4 vezes mais. Entidades e população jamais deixarão passar sem questionamento e acompanhamento crítico as novas negociações. O interior do estado pagou a implantação da cidade industrial da região metropolitana e, portanto, merece um pouco mais de respeito… Parabéns ao Dilvo. Estaremos juntos.
Não deixa de ter razão.
Não disse nenhuma novidade excepcional que já não soubéssemos de longo tempo.
Mas teve a coragem de deixar bem claro, mais uma vez, a figuração do imbróglio do pedágio paranaense.
Será que vão tomar providências dessa vez?
Onde ficou perdida no tempo e empurrada com a barriga a responsabilização governamental de quem instituiu, quem propagou que ia baixar ou acabar e quem propalou que ia resolver e quer prorrogar?
A sociedade assiste perplexa ou inssossa a conivência manifesta ou escondida das autoridades públicas nesse tema.
SS Calça Frouxa, você tem razão nessa, mas um da tua turma conhecido como Roberto Requião de Mello e Silva, hoje com a estrela do PT tatuada no traseiro igual a você, é responsável pela continuação dessa barbaridade ou esqueceu o “baixa ou acaba”.
Tem gente já querendo dividir o bolo…,para alegria de alguns e tristeza do povo paranaense!Não teria umas vaguinhas federais,no Santa Cândida ou em Pinhais,para a seleção paranaense do pedágio!!!Alegria de poucos,tristeza de muitos!