Levy não tem compromisso com o projeto de poder de Lula. E, ao que tudo indica, não está disposto ao jogo do vale tudo
Mary Zaidan
Com apenas uma frase – “essa brincadeira da desoneração custa R$ 25 bilhões por ano, não tem criado e nem sequer protegido empregos” –, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, conseguiu fazer o que a oposição nem tentou ousar. Lavrou, de forma inconteste, a incompetência de Dilma Rousseff, e enterrou todos os argumentos que ela e o PT insistem em usar para transferir a outros a responsabilidade dos estragos que fizeram.
Levy tem dito verdades. Algo raro, que não costuma ser tolerado pelo governo.
Mas, ao contrário de qualquer outro auxiliar, ele não toma pito por discordar da presidente. Nem mesmo quando a critica publicamente.
Dilma apenas finge que não é com ela e, devidamente instruída pela propaganda palaciana a manter as cores do discurso de campanha, repete a cantilena de que tudo que faz é em nome dos pobres, em favor do emprego e de “mais crescimento”.
Dane-se se a conta de luz vai ficar três vezes mais alta do que era antes da redução da tarifa que ela inventou em 2013. Se a inflação alcançou 1,33% em fevereiro, 7,36% em 12 meses, quase 1% acima do teto da meta, ou se o crescimento da população desocupada foi de 22,5% no mês passado. Que a indústria tem crescimento negativo e a economia estagnou.
Na fala de Dilma e do PT, todos os males são externos – culpa de FHC ou da mídia. Sem tergiversar, para Levy o problema vem de dentro mesmo. Cordial, chama de “derrapadas” ou de alternativas “grosseiras” o que foi feito no mandato anterior.
Vê-se no governo a bipolaridade cultivada pelo petismo. Diante dos percalços que cria para si, o PT ora se deprime, com o mea-culpa de alguns, ora se excita e chama todos para a batalha nas ruas, como fez o ex Lula ao convocar o “exército do Stédile”.
Ainda que doentia, a lógica bipolar tem funcionado para o PT. Talvez porque, acima de qualquer outra coisa, Lula sempre se beneficiou dela.
Agora não há consenso. Aguentar o neoliberal Levy e defender ajustes que privilegiam o equilíbrio das contas, cortam privilégios e benefícios, é preço alto demais para o petismo. Difícil de defender nas centrais sindicais, nas frentes de batalha. E em nome de quê? De Dilma?
O PT sabe que é preciso salvar o mandato depauperado da presidente. A pupila de Lula não pode atrapalhar a campanha de 2018.
O problema é que Levy não tem compromisso com o projeto de poder de Lula. E, ao que tudo indica, não está disposto ao jogo do vale tudo. Muito menos a brincadeiras que coloquem o país em risco.
Na outra ponta, ainda que defenda teses que os tucanos apoiam, Levy assiste ao PSDB, em surtos cegos, negar-lhe apoio.
De uma só vez Levy desnudou Dilma e pôs o PT e a oposição no divã.
9 comentários
No Paraná o Mauro Ricardo fala a verdade que incomodo ao Luiz Sebastiani?
É isso aí Ministro! – Renúncias fiscais somente engordam o bolso dos empresários. Nunca vi uma renúncia fiscal atingir o objetivo pela qual foi concedida, pois que, nunca chegam ao seu destinatário, seja ele contribuinte de determinado imposto ou desempregado como é o caso destas desonerações.
É um profissional de gabarito que nem deveria aceito o Ministério da
Fazenda. Se mantiver atitudes retilíneas estará fora do governo com
certeza.
Se tiver vergonha na cara ( eu acho que não tem) depois da puxada-de-orelha que a DILMAMENTIROSA lhe deu, pedia dispensa do cargo de maria-vai-com-as-outras e me escafedia.
Mas…. e status?
Chegou a hora da onça beber água;
ou A Dilma demite o Levy pelo que falou,
ou reconhece o erro de seu governo,
o mesmo que levou a vitória nas eleições;
Se não fizer isso, esta claro o maior ESTELIONATO ELEITORAL
O que tem faltado na cúpula petista é nomear pessoas competentes e que estejam acima de interesses partidários. Na petrobrás deveria ter sido nomeado um presidente da extirpe do Sr.Levy e de consequência não teria havido, com tanta rapidez, o seu rebaixamento e nem a sua rápida desintegração.
Apesar de competente existe uma questão que não existe resposta:-
porque se envolver em uma batalha tão difícil onde o próprio PT e a
Presidente faz de conta que não criou !?
Que o nosso país é atrasado, disso todo mundo sabe…Dependemos essencialmente de produtos primários para o saldo da balança comercial, fora o fato de que não temos nenhum nobel…
Dilma é uma tragédia fonética ambulante. Disse que Levy usou um “adjetivo” inadequado ou qualquer coisa parecida. Deve ter aprendido português com mestre Lula, o sábio de botequim. Brincadeira ainda é substantivo, mesmo que sua função na oração tenha tom de blague.