Via blog do Josias:
Fernando Cavendish, presidente da Delta Construções, que está no olho do furacão na esteira do escândalo do Carlinhos Cachoieira, concedeu entrevista à Mônica Bergamo. O resultado da conversa foi às páginas da Folha. Vão abaixo pedaços do que foi dito:
– Escândalo e negócios: Vou quebrar. Quando a mídia vem com essa intensidade, existe uma reação imediata de órgãos de controle. Agora virei leproso, né? Agora eu só tenho defeitos, eu sou bandido. O cliente [governo], que é um cliente político, abre sindicâncias para mostrar isenção. Suspende pagamentos. […] Os bancos vão suspender toda a nossa linha de crédito. Aí vem a Receita Federal. Todos precisam mostrar que a empresa tem que ser fiscalizada em todos os níveis. Não tenho caixa. Se eu não receber antes de acabar meu dinheiro, eu quebrei.
– O áudio gravado por ex-sócios sobre proprinas e obras: Nesta conversa, eu debatia com sócios da Sygma, empresa [da área de petróleo e gás] que adquirimos por R$ 30 milhões. Eles não performavam. Eu os chamei para renegociar o preço. E me gravaram clandestinamente. Eu queria dizer: ‘Olha, R$ 30 milhões, se eu fosse fazer projetos políticos, doações de campanha…’
– ‘Ganho qualquer negócio’: A expressão foi muito ruim. Ficou horrível, horrível. E agora vou encarar uma CPI da pior forma possível.
– Já pagou propina? Olha só, o que se pede são apoios políticos, para campanhas, que é uma coisa legitimada, oficializada e que várias empresas fazem. Se apoio projetos, faço doações, não é que depois vá ganhar [licitações]. Mas posso estar pelo menos bem representado, tenho a oportunidade de ter informação dos futuros investimentos, das prioridades políticas. Por que megaempresas fazem doações a campanhas? Vão ter informação. Não é normal? Não é toma lá dá cá. Tem licitação.
– Demóstenes Torres: Nunca vi o Demóstenes. Ninguém é sócio [oculto] da Delta. Põe isso na sua cabeça. Já inventaram dezenas de sócios para a Delta. [O ex-governador do Rio Anthony] Garotinho foi sócio da Delta, o [ex-prefeito do Rio] Cesar Maia foi sócio. Esquece isso. Não existe. É factóide.
– Delta, Cachoeira, empresas fantasmas e propinas: A empresa tinha um diretor no Centro-Oeste, Claudio Abreu. Sou presidente do conselho, no Rio. Não sei o que está acontecendo em Goiás, no Nordeste, no Norte. O Claudio conheceu o Carlos Augusto Ramos [Carlinhos Cachoeira]. Eu sei quem cada um tá conhecendo? O que me importa são os resultados, os números, que me enviam em relatórios semestrais. Eu não pouso em Goiânia há cinco anos. Eu sabia por alto que ele conhecia [ Cachoeira]. Para mim, era um empresário, era um cara bem visto no Estado. Eu não conheço os caras do Rio, vou conhecer de Goiás?
– Conheceu Cachoeira? Tive um encontro casual no bar de um hotel, o Claudio estava lá e me apresentou, muito rápido. O Claudio Abreu nunca informou que dava dinheiro para o esquema do Cachoeira? Nunca. Ele era sócio de terceiros, ia comentar comigo? A gente abriu uma auditoria para investigar essa movimentação.
– Os R$ 39 milhões da Delta para a rede Cachoeira: A empresa rodou nesses dois anos, 2010 e 2011, R$ 5 bilhões. Tem 46 mil fornecedores. Esse dinheiro nesse universo, é imperceptível.
– Agnelo Queiroz: Nunca vi. Eu tenho um crédito lá [no DF] de R$ 30 milhões para receber, no contrato do lixo. A gente lá só apanha. Se eu tivesse ajudado na campanha dele, precisava de Dadá [araponga do esquema Demóstenes], de fulaninho, de beltraninho, contando história lá embaixo?
– Marconi Perillo: Não conheço, nunca vi.
– O consultor José Dirceu: Um diretor nosso conheceu um assessor do José Dirceu. E falou pra mim: ‘Quer conhecer o José Dirceu?’ Só que fizeram um contrato de R$ 20 mil. Até hoje não consegui entender. Mas o imbecil lá resolveu fazer isso. Tanto é que, quando soube, eu disse: ‘Pode parar essa porra!’ Eu estive com José Dirceu uma vez só. Ele falou sobre a Índia, outros países. E foram dizer que a Delta é o que é por causa dele. Isso é esdrúxulo.
– O PAC: […] Virei líder do PAC. Sabe quanto vão custar [as hidrelétricas de] Santo Antonio, Belo Monte, Jirau? Só Santo Antonio corresponde ao faturamento de dez anos da Delta. Como posso, com essa minha conta de retalho, de ‘trocentos’ contratinhos que, somados, dão R$ 800 milhões, liderar o PAC? Estou liderando porra nenhuma. Mas fica bonito, na hora de bater no PT, dizer que o líder do PAC está cheio de problemas. Esquece. Eu devo estar em décimo no ranking do PAC.
– A amizade com Sérgio Cabral: Não é justo falarem isso, não é decente. Eu cresci muito mais no governo do Rio antes de ele assumir. Em 2001, 80% da carteira da Delta era do Estado do Rio. Conheci Sergio Cabral há dez anos, por meio das nossas esposas. Eu admiro ele como governante, amigo, pai, filho, irmão. É um puta sujeito. No acidente de helicóptero em que morreram as pessoas que eu mais amo [sua mulher e filho, em 2011], eu estava com ele [Cavendish e Cabral iam a uma festa na Bahia]. Tá bom. Mas não comecei a estar com ele depois de ser governador. Nós eramos a maior empreiteira do Rio antes do governo Cabral, com Cesar Maia e Garotinho. Eu era chamado o rei do Rio. Hoje a maior é a Odebrecht.
5 comentários
Na minha terra se diz que a desculpa do mau comedor é o pé da cama quebrado. Este senhor, cujos negócios vêm prosperando numa velocidade exponencial, deve ter talentos de um fabuloso capitalista, um gênio dos negócios. Até o tal Pezão (que deve ser parente do Pé Grande, um chefe de polícia do Rio, dos tempos de Arthur Bernardes) saiu em defesa deste senhor, mostrando a imensa influência que ele exerce no RJ e, ao mesmo tempo, demonstra a imensa ameaça que ele representa para os políticos em geral. A República Bananeira do Brasil passará a ser a República Laranjeira do Brasil.
TUDO ISSO QUE ESTÁ ACONTECENDO É IRRISÓRIO PERTO DO MENSALÃO.
TEMOS QUE FOCAR NO QUE IMPORTA: O MENSALÃO
E O GRANDE LÍDER DO MENSALÃO QUEM É?
LULLA!
ESSA CPI É FUMAÇA PARA TENTAR COBRIR O MENSALÃO.
Este alem de tudo e mal caráter, não honra compromissos e não tem palavra. O que esta passando êh muito bem mercido. Muito bom para que ele saiba que na vida tudo tem seu equilíbrio.
O governador do Rio, Sérgio Cabral, tá com aquilo apertadinho, apertadinho. As águas do ‘cachoeira’ estão descendo e já estão chegando ao sul maravilha. Do Cavendish, da Delta, para o Sérgio Cabral é só um pulinho. Vai acabar sobrando até para o presidente da ALERJ, deputado Paulo Melo. Haja vaselina…
Ai, eu acho esse assunto um tanto complicado mas eu adoro política.
Parabéns pelo post e continue com suas reportagens ótimas.
Beijos meninos e não briguem.