Do blog do Josias — Ao demitir-se da Esplanada, o pemedebê Wagner Rossi preencheu com sua ausência uma lacuna na pasta da Agricultura.
Ficou a sensação de que o governo Dilma Rousseff livrou-se de uma encrenca. Falso. Foi-se a causa, ficaram as consequências.
Os repórteres Andreza Matais e José Ernesto Credencio produziram uma notícia que leva ao caldeirão da Agricultura uma novidade.
O caldo de suspeições, já pegajoso, ficou ainda mais viscoso. Descobriu-se que o bom nome da FGV foi usado indevidamente numa pseudolicitação da Agricultura.
A coisa envolve um contrato assinado pelo ex-ministro Rossi (foto) em agosto do ano passado. Contratou-se a Fundasp, fundação mantenedora da PUC de São Paulo.
Ao preço de R$ 9,1 milhões, a PUC se dispôs a treinar servidores. Já desceram à caixa da universidade católica R$ 5 milhões.
Até aqui, sabia-se que os documentos que levaram à contratação da PUC haviam sido preparados por um lobista chamado Júlio Fróes. Algo já admitido pelo ministério.
“Doutor Fróes”, como o chamam na Agricultura, é aquele sujeito que dispunha de sala no ministério, trançava negócios e distribuía dinheiro a servidores.
O que se descobriu agora é que há no processo uma proposta atribuída à FGV. O papelório é fornado. A assinatura, falsa.
Antonio Dal Fabbro, o funcionário da FGV que aparece na peça do ministério como signatário declarou: “É um documento apócrifo e minha assinatura foi falsificada.”
Grudado aos papéis falsos da FGV há um fax requisitando a pseudoproposta. Assina-o o servidor Felipe de Sousa Freitas.
A FGV informa que jamais recebeu a requisição da Agricultura. O número que aparece no documento é de um telepone comum, sem fax.
Ouvido, o servidor Felipe disse que não lembrar se mandou ou não o fax à FGV. Num primeiro instante, tentou negar que a assinatura fosse sua. Depois, admitiu que assinou.
Os repórteres apuraram que Felipe rubricou o documento a mando de Karla França Carvalho. Vem a ser a atual chefe de gabinete da secretaria executiva do ministério.
Procurada, a contratada expediu uma nota. Escreveu que o contrato é legal e “vem sendo executado com o rigor técnico acadêmico que é próprio da PUC-SP.”
No texto, a PUC negou que tenha sido representada no ministério pelo lobista Júlio Fróes. Curioso, muito curioso, curiosíssimo.
Na versão da Agricultura, “doutor Júlio” só havia passado pelo ministério porque era o representante da PUC.
Denunciado por Israel Batista, ex-chefe da comissão de licitações do ministério, o caso virou inquérito da PF no início da semana. Querendo apurar, matéria prima não vai faltar.
Em nota, o ministério informou que irá colaborar com os investigadores. Ah, bom!
3 comentários
Imagino se fosse num país sério,
Quantos Ministros e auxiliares estariam vendo o sol nascer quadrado?
Quando soube que o PMDB indicou um advogado sem experiência nenhuma na área, fiquei entristecido. Acho que a visão de importância do setor não se fez observar.
Pior, quando hoje vejo esta noticia:
“Stephanes era cotado para a Agricultura, mas não teve apoio do PMDB”.
Uma pena. A propósito, é de se pensar com mais seriedade. Como a bancada estadual do partido está posicionada sobre o assunto ?
Tá muito enrolado esse caso, tem que desenrolar e punir os culpados, doa a quem doer. Vamos limpar esse PMDB podre da politica nacional, e mandar os culpados para a cadeia. Não para essa FAXINA não Presidente Dilma.