Fernando Henrique Cardoso participou, em São Paulo, do lançamento de um novo selo editorial, o Penguin-Companhia.
Como peça inaugural, a nova casa de livros relançou “O Príncipe”, clássico de Maquiavel (1469-1527).
FHC dirigiu à platéia uma palestra sobre a obra. Depois, disse meia dúzia de palavras aos repórteres.
Falou sobre seu personagem preferido: Lula. “Não vou dizer como ele tem se conduzido”, declarou.
Na sequência, disse o que dissera que não diria: “Ao se transformar em militante, [Lula] está abusando”.
Comparou-se ao sucessor: “Não fiz como ele faz”. A comprovar os abusos, segundo o grão-tucano, há o lote de multas impostas a Lula pelo TSE –sete, no total.
Negou que José Serra o mantenha no armário. “Agora há pouco, acabei de falar com ele”, disse, manusenado o celular.
Declarou que sua participação na campanha é ativa. Antes de se despedir, lançou no ar, entre risos, uma provocação: “Não sou maquiavélico”.
Nas folhas de “O Príncipe”, Maquiavel ensina, entre outras coisas, que a política não cabe na moldura dos juízos morais.
No universo político, o mal, desde que praticado sob pretexto conveniente, não é mal. É meio para alcançar um fim.
Nesse jogo, lecionou o mestre, o príncipe precisa combinar duas formas de luta: numa, vale-se da lei. Noutra, da força.
A certa altura, Maquiável recorre a uma metáfora zoológica. Anota que a raposa não pode defender-se do lobo. E o leão não sabe esquivar-se das armadilhas.
Assim, ao príncipe cabe ser, simultaneamente, leão e raposa. Eis a coluna vertebral da doutrina maquiavélica:
Forte, o príncipe assegura a tranqulidade do principado, protegendo os pequenos dos grandes.
O povo não se revolta. E os grandes nada podem contra o príncipe, porque o sabem estimado pelo povo.
Em seu primeiro madarinato, FHC, então um respeitado presidente que, como ministro, lançara as bases do Real, cavou a própria reeleição. Foi leão e raposa.
Em 2002, no ocaso do segundo reinado, FHC tentou fazer de José Serra o sucessor. Mantinha intacta a felpa de raposa. Porém…
Porém, faltando-lhe a cumplicidade do povo, que já o olhava de esguelha, era um leão sem juba. E Lula, de sapo barbudo, converteu-se em neo-raposa.
Relegeu-se em 2006. Agora, no ocaso de seu ciclo, montado em popularidade inaudita, Lula ruge como leão por Dilma Rousseff.
Difícil negar razão a FHC. Lula, de fato, “está abusando”. Mas é de perguntar:
Ao por de pé a reeleição, com monetária desfaçatez, o que fez FHC senão abusar? Mudou as regras com a partida em andamento.
Repise-se a máxima: Em política, o mal não é mal. Encontrado o pretexto, é apenas um meio para alcançar um fim.
No caso de Lula, o meio que encontrou foi sacudir na direção de Serra o lençol do fantasma da impopularidade de FHC.
Se tudo correr como planejado, o fim não será Dilma, como se imagina, mas o retorno posterior do sapo que se fez princípe.
12 comentários
Excelente texto. Como sempre, aliás.
Isso é prá quem pode. Prá quem dá voto!
Tadinho do Serra, quando candidato pela primeira vez tinha de esconder o FHC, como ainda anda escondendo, senão perde votos
Se FHC não tivesse feitos umas porcarias, privatizações etc etc nos não estariamos na mão dessa corja do PT.
É dificil explicar para esses ignorantes que tudo começou com o FHC e Lula só teve sorte!!
Talvez Serra o esteja evitando justamente pelo que diz Maquiavel em O Príncipe:
“Dizem a verdade aqueles que afirmam que as más companhias conduzem os homens à forca.”
no Boteco da Minervina, o Tonhao Mirabolante, tambem acha que o FHC, deveria dar uma força para a Dilma, participando ativamente na campanha
do SERRA.
O que este senhor declara, não se escreve… Já era!
Vamos deixar agora um pouco de espaço para o povo respirar, chega de elites!!!
Depois de 8 anos desgovernando o Brasil o FHC vem criticar o Lula que é o melhor Presidente que o Brasil já teve.
Fora FHC.
Fora PSDB.
FHC e PSDB nunca mais.
Se inveja matasse a turma do PT/MST/FARC estava toda morta.
Bom, para um pais de miseráveis e analfabetos o que dizer senão elogiar o chefe da ignorância deste pais. Sr. Lula da Silva.
a velhinha ta mentecapta kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Engraçado, os idiotas de plantão se esquecem que quando FHC governou o Pais estava saindo de uma baita inflação, recessão, pib estacionado e etc. Se não fossem as medidas tomadas por ele, hoje o Sr. molusco e sua caterva não teriam o que roubar.Em nenhum pais do mundo a economia se ajeita de uma hora para outra e são necessários alguns anos para que a coisa toda engrene. Se analisarmos bem, o Brasil continua tendo uma economia liberal e se o apedeuta mor desta nação não seguisse os caminhos até então traçados pelo governo FHC,hoje não teríamos uma economia saudável. Por isso, dizer que o FHC foi péssimo e o molusco bebado é o melhor presidente que já existiu é muita ignorância. Houveram problemas no governo passado sim, mas tanta roubalheira como se vê agora não. Não se deve negar que a população mais pobre foi atendida, mas tudo isso foi possivel porque lá trás já existiam programas de atenção ao baixa-renda e não eram de um assitencialismo eleitoreiro como é hoje. O que acontece? Dá-se o peixe mas não se ensina a pescar, e porque isso? É só olhar para a campanha eleitoral.
Só pra completar o comentário anterior;
Na campanha de 2002 eu votei no molusco bebado porque achava que estava na hora de mudanças, apesar de nunca ter sido Ptista ou outro puxa-saco qualquer. A situação estava caótica e pensava,como um imbecil, que o molusco podia mudar o panorama. Realmente mudou: desvios, superfaturamentos, aparelhamento do Estado que está na mão dos sindicalistas, a maioria analfabeto como o chefe deles, roubos, desrespeito às leis, etc.. . Hoje me sinto traído, enganado e com cara de bobo. Pt e o apedeuta nunca mais.