Além de cuidar de sua campanha para prefeito, Carlos Moreira Junior terá que cuidar da sua sucessão na Universidade Federal do Paraná, onde a disputa começa quente e com graves acusações contra ele.
O professor Cid Aimbiré, de farmacognosia, disparou na madrugada de hoje uma carta à todos os professores e funcionários da Universidade. O tom é de discurso eleitoral. Pede transparência, revisão de atos administrativos e propõe um esforço para que a UFPR volte aos tempos em que era amplamente respeitada.
A carta, diz Aimbiré, foi postada na madrugada porque seu e-mail está sendo monitorado e bloqueado.
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À comunidade universitária
Há quase duas semanas, a comunidade acadêmica na UFPR vive um momento impar em sua história: ocorreu a renúncia do reitor da Universidade Federal do Paraná e apenas ontem o Conselho Universitário se reuniu para trazer à comunidade uma informação oficial sobre o processo de eleição do novo reitor. No domingo, dia 15 de junho, a Gazeta do Povo publicou uma reportagem intitulada “Candidatos a vaga”, que refletia bem esse quadro: nada se sabe, nada está definido.
A reportagem apresenta alguns possíveis candidatos e identifica-me como “o único a fazer oposição à gestão atual nessa nova consulta”. De fato, como membro do Conselho de Curadores, tenho procurado pautar a importância dos conselheiros na análise dos processos ali apresentados, na medida em que somos co-responsáveis pelas contas da Administração Superior da UFPR. Também tenho discutido, com vários colegas professores, técnicos-administrativos e estudantes, a urgência de repensarmos o modelo de universidade para o qual fomos levados, defendendo a pluralidade de idéias e de posições em nossos conselhos superiores, como forma de contemplar a diversidade e necessidades de nossos setores e cursos.
A partir dessas discussões, percebemos que, nos últimos anos, os projetos implantados sob a justificativa da responsabilidade e inclusão sociais da UFPR, levou-nos a um modelo de universidade que privilegia apenas a transmissão de conhecimento, não importando a qualidade do ensino e do resultado que se espera do processo de aprendizagem. Entendemos que precisamos de uma universidade que fomente o despertar da curiosidade intelectual, o desafio da pesquisa, a orientação dedicada, o acompanhamento do estudante em suas atividades acadêmicas, o diálogo, o questionamento, o ensino responsável. A educação é, para nós, uma experiência formativa que deve propiciar instrumentos para a tomada de decisões em relação à sociedade que nos cerca. Para atingirmos este desafio, entendemos que é necessário emancipar-mo-nos do populismo, do personalismo e do partidarismo político, características que o último reitor implantou em sua administração.
Precisamos voltar a ter a UFPR como um modelo de universidade na qual prevaleça a pluralidade de opiniões e a heterogeneidade de atitudes e projetos; precisamos recuperar o ambiente de respeito às diferenças inerentes à vida universitária. Nossa perspectiva é de que a UFPR se afirme como instituição pública, com responsabilidade social, ensino de qualidade e comprometida com a produção do conhecimento.
Apesar da demora na definição das regras para a eleição do próximo reitor da Universidade Federal do Paraná, esperamos que, nesse momento, possamos também escolher um modelo de universidade no qual a comunidade acadêmica seja valorizada, as instâncias de decisão sejam públicas e transparentes, as condições de trabalho sejam compatíveis com nossa responsabilidade social e, principalmente, que assegure a universalidade de idéias e opiniões.
Curitiba, 20 de junho de 2008.
Cid Aimbiré M. Santos
Prof. Tit. de Farmacognosia