Groucho Marx disse certa vez que não entraria nunca para um clube que o aceitasse como sócio. Há políticos nativos que juram que não aceitariam convite para o governo Requião.
É crível. Afinal, que político de carreira iria aderir a um governo fraco, confuso e coberto de denúncias, tão enlameado que pode manchar o currículo de qualquer um, até mesmo o de um político de carreira.
A situação chegou a esse ponto e só a turma palaciana se nega a enxergar o óbvio ululante. Este mandato de Requião deverá passar para a história como um período em que o noticiário sobre corrupção e desmandos no Estado nunca foi tão extenso.
O conselheiro do Duce que tem parentesco com outro conselheiro, o Acácio, dirá que a história não é escrita pelos jornais e que todo esse caos foi construído pela imprensa mal intencionada ou mal paga. Ele deve acreditar que a história será escrita a partir das anotações de suas pastoras. Mas essa é outra história.
Voltemos ao que interessa. O governo não consegue dar respostas plausíveis sobre denúncias e escândalos que têm origem dentro do próprio governo. E não há agência de mentiras que consiga cobrir as evidências com versões capazes de conquistar corações e mentes dos paranaenses.
Entre uma tacada e outra no jogo de sinuca, o conselheiro do Duce deve imaginar que ninguém acredita nessas denúncias sobre superfaturamento na compra de televisores, irregularidades no pagamento de aditivos a empreiteiras, desvio de recursos no abastecimento, uso obsceno do cartão corporativo, mordomias, prebendas e sinecuras distribuídas com generosidade entre os membros da turma.
A esperança dos palacianos é essa. A de que muitos paranaenses ainda se deixem enganar pelo proselitismo do Duce. Tudo indica que esta esperança vai para o brejo porque Requião perdeu sua capacidade de convencimento ideológico. Só ele, os parentes, os assessores e as pastoras crêem, por exemplo, que Maurício Requião é o melhor secretário de educação do mundo.
2 comentários
O pior de tudo isto é o silêncio das autoridades ditas de controle público cheias de prerrogativas, régios salários pagos pelo povo e calhamaços de leis e normas que nada apuram, nenhuma conclusão apresentam à sociedade sobre a longa lista de irregularidades governamentais denunciadas pela mídia. Leminski antenando o apavorante “silêncio de Pascal” escreveu:
“Pascal ouve nos céus
o tremendo silêncio
de uma classe que já disse
tudo que tinha a dizer
pela boca da história.”
As ditas autoridades seriam a nova nomenklatura que nada tem a dizer à sociedade senão pague a conta ?
Quanto ao Maurício Requião, espero que ele seja bem feliz longe da secretaria de educação!